Pais Filhos
Fórum Pais e Filhos debate empreendedorismo em família
2024-03-20

Foto: Divulgação/DINO

Entre os dias 4 e 7 de abril, a Entrepreneurs Organization (EO) – rede com mais de 18 mil empreendedores, em mais de 76 países – vai reunir cerca de 200 participantes, entre empreendedores e integrantes de suas famílias, na  3ª edição do EO Retreat Brasil 2024,  no Wish Serrano Hotel, na cidade de Gramado (RS). O evento, que tem como tema central “Pais e Filhos”, vai debater questões de equilíbrio entre negócios e vida pessoal com a família e também de sucessão.

Na programação, o psicólogo e empreendedor Alejandro Winocur vai ministrar os workshops do Fórum, que irão debater a sucessão nos negócios familiares.  No primeiro dia, o workshop será destinado a jovens entre 12 e 16 anos. O foco dos debates será o tratamento das emoções e sua influência na tomada de decisões. No segundo dia, o Mashup Fórum oferecerá a oportunidade para os membros, cônjuges e parceiros de vida compartilharem experiências, desafios e estratégias bem-sucedidas. Já, no terceiro dia, o workshop será dirigido a jovens acima de 17 anos, que receberão orientações sobre liderança, inovação e responsabilidade social, preparando-os para os desafios do futuro. “Para essa faixa etária, vamos conversar sobre perspectivas e essa fase quando os jovens estão começando a pensar o que vão fazer na carreira, se vão ou não empreender, que tipo de negócio vão seguir, e como falar a respeito desses assuntos com a família”, explica Winocur.

Os workshops de educação avançada são baseados nos fundamentos do programa de treinamento do Fórum da EO. Segundo o facilitador global, a atividade proporcionará o primeiro contato de muitos filhos com o universo do empreendedorismo. “Vamos trazer atividades que valorizam a comunicação, a escuta ativa, compartilhar experiências vividas e aproximar as pessoas”, esclarece Winocur, que já realizou esse treinamento para centenas de membros da EO em todos os continentes.

A 3ª edição do EO Retreat Brasil 2024, vai também contar com palestras de Marcos Piangers, autor do best-seller ‘O Papai é Pop’ e do ex -jogador de basquete brasileiro, Oscar Schmidt. Além de aprendizado e networking, o evento vai proporcionar momentos de lazer e integração, com atividades turísticas na região e a festa de encerramento no Hard Rock Café, com a presença da banda cover do Legião Urbana.

As empresas BWT, Stabia, Magic Toys, Arkler, Saggezza e Jolimont são as patrocinadores do evento. A realização é da Brocker Turismo.

 

Sobre a Entrepreneurs’ Organization (EO)

A EO é uma comunidade para empreendedores que tem o objetivo de ajudar líderes individuais a atingir o seu potencial por meio de conexões e atividades diferenciadas. Fundada em 1987 por um grupo de jovens empreendedores nos Estados Unidos, a EO está presente em mais de 76 países, reunindo mais de 18 mil pessoas no mundo. No Brasil, a EO chegou em 2013 em São Paulo e, posteriormente, se expandiu para o Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e Santa Catarina. Em São Paulo, são cerca de 65 membros de diversos setores. Em Porto Alegre, quase 100 associados. No Brasil, este número ultrapassa 260 empreendedores.

Benefícios EO

Informações para a imprensa:

Regina Antonelli

RA Comunica

[email protected]

Quem foram os filhos de Cleópatra, a última rainha do Egito
2024-03-25

Conheça os filhos da rainha, que instiga a curiosidade de estudiosos mais de 2.000 anos após sua morte

A rainha Cleópatra, do Egito, dominou a internet nos últimos dias por uma polêmica envolvendo uma nova série documental da Netflix sobre a rainha, que escalou uma atriz negra para interpretá-la. O Conselho Supremo de Antiguidades do Egito resolveu se reunir para argumentar que a monarca tinha “pele clara e feições helenísticas (gregas)”.

O portal Aventuras na História já tem uma matéria, escrita pelo professor de História Vítor Soares, que trata da cor de pele da rainha egípcia, e você pode lê-la aqui. Não importa o assunto ou a época, Cleópatra VII Filopátor continua fascinando os curiosos e estudiosos mesmo depois de mais de 2.000 anos de sua morte.

A última governante ativa da dinastia Ptolemaica do Egito teve quatro filhos, que ficaram sem a mãe depois que ela cometeu suicídio para não ser capturada pelas tropas do futuro imperador romano Augusto. Conheça mais sobre a história dos herdeiros de Cleópatra.

Ptolemeu XV Cesarião

Ptolomeu XV Philopator Philometor César, mais conhecido pelo nome mais curto de Cesarião, foi um co-governante do Egito ao lado de sua mãe entre os anos 44 e 30 a.C., até a dinastia ser abolida. Seu pai foi Júlio César, o ditador romano, que nunca o reconheceu oficialmente.

Nascido em 47 a.C., Cesarião passou os primeiros dois anos de vida em Roma, junto de sua mãe, como convidados de Júlio César. Quando o general romano morreu, no ano 44, eles tiveram que voltar à sua nação, onde Cleópatra proclamou seu filho como co-regente do Egito, mesmo que ele só tivesse 3 anos. Após a morte da mãe, ele foi entregue a Otávio. Acabou executado pelas forças romanas, como repercutido pelo History Today.

Busto de Cesarião, filho de Cleópatra e Júlio César – Wikimedia Commons

Alexandre Hélio

Segundo filho mais velho de CleópatraAlexandre Hélio era o irmão gêmeo da única garota entre os herdeiros da última rainha do Egito, Cleópatra Selene II. Seu pai foi o general romano Marco Antônio. Aos 6 anos, o jovem foi proclamado rei sobre a Armênia, a Média e a Pártia, mesmo que isso fosse mais um título do que uma posição.

Segundo a Enciclopédia de História Mundial, Alexandre e seus outros irmãos foram levados para Roma depois da vitória de Otávio contra seus pais, Cleópatra Marco Antônio, que se suicidaram.

Enquanto estavam em Roma, os filhos sobreviventes de Cleópatra foram deixados sobre os cuidados de Otávia, irmã de Otávio e ex-esposa de Marco Antônio, o pai das crianças. Não se sabe o que aconteceu com ele ao fim da vida.


Cleópatra Selene II

A única filha da rainha, Cleópatra Selene II seguiu os passos da mãe e se tornou uma grande rainha depois de se casar com o rei Juba II, da Numídia. Os dois descendentes reais não puderam governar suas próprias nações, mas foram enviados por Roma para o “reino cliente” da Mauritânia.

Provável busto de Cleópatra Selene II, filha de Cleópatra e Marco Antônio – Crédito: Jean-Pierre Dalbéra

Selene era a única monarca legítima do Egito, já que seu pai, Marco Antônio, a havia declarado rainha de Creta e Cirenaica. Seus irmãos foram integrados à futura família imperial de Roma, mas Cleópatra Selene foi colocada em um casamento arranjado com Juba II para resolver sua situação real.

Ela atuou no governo conjunto com seu marido, algo que pode ser vista nas moedas da época, que eram cunhadas com as faces dos dois monarcas. Cleópatra Selene II terminou sua vida reinando em triunfo, homenageando o Egito em seu novo reino até que ela morreu, em uma data aproximada pelos historiadores entre o ano 5 a.C. e o ano 3 d.C.


Ptolemeu Filadelfo

O mais novo dos filhos de Cleópatra com Marco AntônioPtolemeu Filadelfo foi nomeado governante da Síria, Fenícia e Cilícia quando era só uma criança, mas tudo isso acabou quando ele foi, junto de seus irmãos, enviado para Roma no ano 30 a.C., para viver sob os cuidados de Otávia. Infelizmente, não existem mais informações sobre o destino Ptolemeu Filadelfo.


+Saiba mais sobre o Egito por meio das obras abaixo:

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Redes sociais: as famílias que perderam filhos por suicídio e overdose e agora processam plataformas
2024-04-04

Crédito, Cortesia de Kristina Cahak

  • Author, Alessandra Corrêa
  • Role, De Washington para a BBC News Brasil
  • 4 abril 2024

A adolescente americana Morgan Pieper estava prestes a completar 12 anos de idade quando começou a usar redes sociais.

“Ela tinha uma conta no Facebook. Acho que, no início, seu uso era bem limitado”, diz sua mãe, Kristina Cahak, à BBC News Brasil.

Ao longo dos três anos seguintes, porém, Kristina conta que a filha ficou cada vez mais “viciada”, abrindo múltiplas contas em redes como Instagram e Snapchat usando nomes falsos, sem que a família soubesse.

“Afetava seu sono. Às vezes, eu acordava às 3h da manhã e via luz em seu quarto”, lembra Kristina, que começou a perceber que a filha andava melancólica.

Quando, por volta dos 13 anos de idade, Morgan passou a se automutilar com cortes na pele, Kristina levou a filha a um psicólogo, que disse que aquilo seria apenas uma fase. “E realmente melhorou, ela parou”, afirma.

No entanto, Morgan continuava vendo e postando material sobre depressão, automutilação e suicídio em várias contas abertas com identidades falsas que Kristina sequer desconfiava que existiam.

A família só descobriu essa vida digital paralela de Morgan quando ela se suicidou, em 2015, aos 15 anos de idade.

Morgan era a mais nova de três irmãos. “Ela era o meu bebê”, diz sua mãe.

“Era muito inteligente, sensível, engraçada, carismática. Um dos seres humanos mais incríveis que já conheci.”

Kristina suspeitava que a filha pudesse estar deprimida, mas nunca imaginou que tivesse pensamentos suicidas.

“Sou enfermeira há quase 30 anos, trabalhei com saúde mental. Essa é a ironia da minha história, eu não vi os sinais enquanto ela ainda estava conosco”, diz.

Kristina é uma das centenas de mães e pais dos Estados Unidos que estão processando empresas donas de redes sociais por supostos “danos físicos, mentais ou emocionais” sofridos por crianças e adolescentes ao usar essas plataformas.

Ela move uma ação contra a Meta, proprietária do Facebook e do Instagram, e a Snap, dona do Snapchat.

Processos de outras famílias também têm como alvo o Google, que administra o YouTube, e a ByteDance, que cuida do TikTok.

As ações alegam que a “crise de saúde mental sem precedentes entre as crianças” é alimentada pelos produtos “defeituosos”, “viciantes” e “perigosos” dessas empresas.

O objetivo é que as empresas suspendam práticas apontadas como prejudiciais e, em muitos casos, envolvem pedidos de indenizações.

As empresas rejeitam as alegações e afirmam que estão constantemente implementando e atualizando ferramentas e recursos para proteger crianças e adolescentes em suas plataformas.

Mas os autores das ações dizem que as medidas são insuficientes e mal fiscalizadas.

Há uma grande preocupação com o tema no país, diante de altas taxas de ansiedade e depressão entre jovens.

No ano passado, o porta-voz do governo para saúde pública alertou que embora as redes possam ter benefícios, também podem representar riscos à saúde mental dos jovens.

As pesquisas não oferecem evidências conclusivas, e a própria Associação Americana de Psicologia afirma que “o uso de redes sociais não é inerentemente benéfico ou prejudicial para os jovens”.

De acordo com a associação, são necessários mais estudos sobre efeitos positivos e negativos destes serviços.

Crédito, Cortesia de Kristina Cahak

O que dizem as famílias

Algumas ações são movidas pelos próprios jovens usuários, outras por seus familiares.

Em vários dos casos, centenas de processos individuais foram consolidados em ações coletivas em tribunais federais e estaduais.

Há casos de crianças que tiraram a própria vida depois de sofrer bullying nas redes ou ver posts que normalizam e encorajam o suicídio.

Outras morreram após “desafios” online, entre eles um jogo que envolve asfixia, ou por overdoses de drogas supostamente obtidas por meio das plataformas.

Nem todos os casos envolvem mortes. Algumas crianças foram vítimas de predadores sexuais, outras enfrentam problemas como distúrbios alimentares, depressão e ansiedade.

“As principais alegações são de que as plataformas foram projetadas para serem viciantes para crianças”, diz o advogado Matthew Bergman, fundador do Social Media Victims Law Center (Centro Jurídico para Vítimas de Mídias Sociais), que representa 2,5 mil clientes em processos do tipo.

As ações argumentam que as empresas expõem conscientemente crianças e adolescentes a conteúdos e produtos prejudiciais.

Também afirmam que a dependência que as redes causam não ocorre por acaso, e sim de forma intencional, já que foram projetadas para um “uso compulsivo e excessivo”.

“Inspiradas em técnicas comportamentais e neurobiológicas usadas em máquinas caça-níqueis e exploradas pela indústria do fumo, (as empresas) incorporaram deliberadamente em seus produtos uma série de recursos de design destinados a maximizar o envolvimento dos jovens para gerar receitas publicitárias”, diz uma ação coletiva movida por mais de 400 famílias.

“(As empresas) sabem que as crianças estão em um estágio de desenvolvimento que as deixa particularmente vulneráveis aos efeitos viciantes desses recursos. Mesmo assim, miram (seus esforços) nas crianças, em busca de lucro.”

Morgan (à direita) com a mãe, Kristina, a irmã, Jamie, e o irmão, Alex

Crédito, Cortesia de Kristina Cahak

Outras acusações são de que as empresas sabiam que seus produtos poderiam causar danos aos jovens, mas não alertaram sobre o risco ou forneceram instruções sobre uso seguro, e que os controles parentais e de verificação de idade são ineficazes.

Há ainda alegações de que alguns recursos nas redes promovem comparações negativas sobre aparência e de que as redes “facilitam a disseminação de material com abuso sexual e exploração de crianças”.

“Os defeitos variam dependendo da plataforma, mas todas exploram crianças e adolescentes”, dizem as famílias em uma das ações coletivas.

Os processos são parte de uma onda de ações judiciais contra essas empresas nos Estados Unidos.

Há também diversas ações movidas por mais de 40 Estados, mais de 140 distritos escolares e sistemas hospitalares em todo o país com acusações semelhantes.

As respostas das empresas

“As alegações simplesmente não são verdadeiras”, diz a porta-voz do Google, Ivy Choi, à BBC News Brasil.

Choi afirma ainda que garantir aos jovens uma experiência segura e saudável sempre foi um elemento “fundamental”.

“Em colaboração com especialistas em juventude, saúde mental e parentalidade, construímos serviços e políticas para proporcionar aos jovens experiências adequadas à idade, e aos pais, controles robustos”, diz a porta-voz.

Por sua vez, a Snap afirmou em nota à BBC News Brasil que “o Snapchat foi intencionalmente projetado para ser diferente das mídias sociais tradicionais, com foco em ajudar os snapchatters (usuários) a se comunicarem com seus amigos próximos”.

A empresa apontou como exemplo disso o fato de, ao abrir, o aplicativo direcionar o usuário para uma câmera, “em vez de um feed de conteúdo que incentiva a navegação passiva”, e que a plataforma não tem curtidas ou comentários públicos.

A Snap destacou ainda que “a segurança e bem-estar de sua comunidade são nossa principal prioridade”.

O TikTok disse em nota que a empresa tem mecanismo “pioneiros” para proteção de jovens, entre eles um limite de tempo de tela automático de 60 minutos para menores de 18 anos e controles parentais para contas de adolescentes, além de ter lançado uma cartilha para pais abordarem temas ligados à segurança digital com jovens.

“Continuaremos trabalhando para manter nossa comunidade segura ao enfrentar estes desafios que são comuns à toda indústria”, disse a rede social.

Em resposta às alegações, a Meta compartilhou um sumário sobre seu trabalho para “ajudar a proporcionar experiências seguras” aos jovens, salientando que tem “cerca de 40 mil profissionais que trabalham em áreas ligadas à segurança” e investiu “mais de US$ 20 bilhões [R$ 100 bilhões] desde 2016”.

A empresa disse que, nos últimos oito anos, desenvolveu mais de 30 ferramentas e recursos, incluindo controles que permitem aos pais definir limites para adolescentes usarem seus serviços, ver quem os filhos estão seguindo e saber se denunciaram alguém que pode estar lhes intimidando.

As ações no Congresso americano

O documento da Meta cita o testemunho de seu cofundador e presidente, Mark Zuckerberg, ao Comitê Judiciário do Senado americano, em janeiro.

A audiência, para investigar a exploração sexual de crianças online, reuniu os executivos que lideram cinco empresas, entre eles Evan Spiegel, da Snap, e Shou Zi Chew, do TikTok.

Senadores democratas e republicanos, geralmente em lados opostos, se uniram ao criticar os executivos por não fazerem o suficiente para proteger crianças, ignorarem “deliberadamente” conteúdo prejudicial em suas plataformas e priorizarem lucro em vez do bem-estar dos jovens usuários.

Também estavam presentes pais e mães cujos filhos morreram ou sofreram exploração sexual, abusos e outros danos nessas plataformas.

Em determinado momento, Zuckerberg chegou a se dirigir diretamente a essas famílias. “Sinto muito por tudo que vocês passaram”, disse ele.

“É por isso que investimos tanto e que continuaremos a ter iniciativas líderes na indústria para garantir que ninguém tenha que passar pelo que suas famílias sofreram.”

Spiegel, questionado pelos senadores sobre venda de drogas no Snapchat, também falou às famílias, várias das quais estão processando sua empresa após perderem os filhos por overdose de drogas supostamente obtidas na plataforma.

“Lamento muito que não tenhamos conseguido evitar essas tragédias”, disse o presidente da Snap.

“Trabalhamos muito para bloquear todos os termos de pesquisa relacionados a drogas em nossa plataforma.”

O foco do Congresso americano nos impactos das redes sociais sobre as crianças aumentou a partir de 2021, quando uma ex-funcionária do Facebook vazou documentos que mostravam que a empresa sabia dos possíveis efeitos negativos de seus produtos sobre jovens.

Um dos objetivos da audiência era aumentar o apoio a vários projetos de lei para proteger crianças na internet.

Apesar de esforços bipartidários, essas propostas enfrentam resistências para serem aprovadas, e tentativas anteriores de regular as gigantes de tecnologia fracassaram.

Diante das dificuldades para aprovar uma legislação federal, diversos Estados adotaram leis próprias para aumentar as proteções aos jovens nas redes e reforçar o escrutínio das práticas de segurança das empresas.

Muitas dessas iniciativas estão sendo contestadas na Justiça pelas empresas.

Um dos argumentos das empresas é o de que essas leis supostamente contradizem umas às outras, e o ideal seria uma legislação federal que estabeleça o mesmo padrão para todo o país.

Além disso, alguns grupos de defesa de direitos civis temem que essas leis interfiram na liberdade de expressão.

Estratégias e obstáculos

Um dos obstáculos em processos contra redes sociais nos Estados Unidos é a seção 230 da lei federal que rege o setor de comunicações, aprovada em 1996, antes da popularização das plataformas.

Políticos democratas e republicanos já tentaram revogar ou revisar a seção, sem sucesso.

A seção 230 isenta as redes de responsabilidade sobre o que é publicado por terceiros, dificultando processos que alegam danos sofridos por usuários nas plataformas.

Com isso, muitas ações são descartadas antes mesmo de ir a julgamento.

Os processos atuais apostam em um argumento diferente: de que os danos alegados não resultam de postagens de terceiros, mas sim do fato de as plataformas serem um produto que tem “defeitos”.

“Nós nos concentramos no design defeituoso dessas plataformas”, diz Bergman.

“E no fato de que foram concebidas para serem viciantes e não têm características básicas de segurança que, se implementadas, as tornariam 80% ou 90% mais seguras do que são hoje.”

Assim, as empresas poderiam ser em tese responsabilizadas por negligência, ao não cumprir seu dever de projetar produtos seguros e alertar os usuários sobre defeitos.

Bergman diz que o simples fato de as empresas estarem sendo questionadas judicialmente já é importante, independentemente do resultado.

“Os executivos terão de testemunhar sob juramento e explicar como lucram com plataformas que não permitem que seus próprios filhos usem”, afirma.

Bergman fundou o Social Media Victims Law Center em 2021, depois décadas representando pessoas prejudicadas por exposição a amianto, em processos contra empresas por esconderem a ligação do produto com casos de câncer.

Ele conta que uma das motivações para mudar sua atuação foram as revelações feitas pela ex-funcionária do Facebook naquele ano.

“Queria não só assegurar compensação para as vítimas, mas impedir que outros fossem vitimados”, afirma.

Bergman diz que as mesmas características nos casos envolvendo amianto se aplicam às redes sociais.

“Exceto que o nível de má conduta corporativa que vejo nas redes sociais faz com que as empresas de amianto pareçam meninos de coral em comparação.”

Os julgamentos dos primeiros casos representados por Bergman só estão previstos para o final do próximo ano, e ele diz que há um longo caminho pela frente.

Mas o advogado ressalta a determinação das famílias em levar os casos adiante e evitar que outros passem pelo mesmo sofrimento.

Kristina diz que o suicídio de Morgan a inspirou a lutar para ajudar outras famílias.

Ela afirma que muita coisa mudou desde a morte da filha, há quase dez anos, e que hoje há maior conscientização sobre problemas de saúde mental entre jovens e os potenciais riscos das redes sociais.

“Os pais precisam estar cientes desses perigos. Mesmo que pensem saber o que seus filhos estão fazendo, provavelmente não sabem.”

*Caso você seja ou conheça alguém que apresente sinais de alerta relacionados ao suicídio, confira alguns locais para pedir ajuda:

– O Centro de Valorização à Vida (CVV), por meio do telefone 188, oferece atendimento gratuito 24h por dia; há também a opção de conversa por chat, e-mail e busca por postos de atendimento ao redor do Brasil;

– Em casos de emergência, outra recomendação de especialistas é ligar para os Bombeiros (telefone 193) ou para a Polícia Militar (telefone 190);

– Outra opção é ligar para o SAMU, pelo telefone 192;

– Na rede pública local, é possível buscar ajuda também nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24h;

– Confira também o Mapa da Saúde Mental, que ajuda a encontrar atendimento em saúde mental gratuito em todo o Brasil.

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