Pais Filhos
Dia dos Pais: filhos de pais ausentes ressignificam data – 10/08/2024 – Equilíbrio
2024-08-10

Superando a Ausência Paterna: Uma Jornada de Resiliência e Reconstrução

Luana Vidal, uma jovem de 25 anos, compartilha sua história de distanciamento com o pai, uma realidade enfrentada por muitos. Apesar dos desafios, ela encontrou formas de preencher essa lacuna e construir uma vida plena. Sua trajetória revela a força da resiliência e a importância de encontrar referências paternas em outras figuras significativas.

Reconstruindo Laços e Encontrando Novos Caminhos

Memórias de um Pai Ausente

Luana Vidal, 25 anos, relembra que sua última interação com o pai foi há cinco anos, em uma audiência sobre pensão alimentícia. Naquela época, ela cursava um curso técnico na área de eventos, mas foi convocada judicialmente porque ele alegava não pagar mais o benefício. O último Dia dos Pais que compartilharam juntos foi há mais de uma década.Luana se lembra de uma celebração em família, em um churrasco, mas sem nada muito especial. As visitas do pai eram esporádicas desde que ela tinha dois anos de idade, quando ele se separou de sua mãe. "Ele tentou manter uma constância, do jeito dele. Ao menos todo mês a gente se via", diz Luana. No entanto, com o passar do tempo, essas visitas foram diminuindo.

Encontrando Referências Paternas Alternativas

Apesar da ausência do pai biológico, Luana encontrou outras figuras que desempenharam o papel de referência paterna em sua vida. Ela diz que costuma passar o Dia dos Pais com a mãe, o avô materno - com quem passou a viver quando sua mãe se separou - e o padrasto. "É para quem eu costumo escolher presentes, por exemplo. Se fosse para o meu pai biológico, eu nem saberia do que ele gostaria de ganhar", afirma Luana.Essa busca por referências paternas alternativas é comum, de acordo com a psicóloga Belinda Piltcher Haber Mandelbaum, da Universidade de São Paulo (USP). "É na vida adulta que essa figura de pai ausente vai se diluindo", explica a especialista. Luana encontrou em seus familiares maternos a presença e o apoio que seu pai biológico não lhe proporcionou.

Superando o Impacto da Ausência Paterna

Luana relata que, em algumas ocasiões, como festas de escola, sentiu-se desconfortável por não ter o pai presente. "Eu acho que por um tempo foi [um problema], porque eu lembro de ter esse choque, especialmente em uma ou duas festas de escola sem meu pai para levar, o que me deixou desconfortável", diz.No entanto, com o passar do tempo, essa ausência deixou de ser uma questão tão significativa. "É na infância que essa falta pode ser mais difícil do que na vida adulta, mas com o passar dos anos a pessoa começa a entender essa ausência", afirma a psicóloga Belinda Mandelbaum.

Construindo uma Família Estável para o Filho

Letícia Gosse, 27 anos, é outra pessoa que vivenciou a ausência paterna durante toda a sua vida. Ela conheceu o pai pouco antes dele falecer e admite não ter conseguido vivenciar esse luto. "Acho que é porque vivi um luto dessa relação praticamente a minha vida toda. Até escolhi participar dessa cerimônia para botar um ponto final nisso", afirma Letícia.Agora, como mãe de Nael, de 10 meses, Letícia está se organizando para o primeiro Dia dos Pais do filho e do marido. "Fiquei pensando com um pouco de antecedência o que fazer, o que ele gostaria de ganhar. Comprei um perfume e disse que é o nosso filho que está dando de presente." Essa atitude de Letícia reflete seu desejo de proporcionar a seu filho uma referência paterna presente e envolvida, algo que ela não teve.

Quando a Ausência Paterna é Preferível

Nem todas as pessoas, no entanto, optam por comemorar o Dia dos Pais. É o caso de Luis Felippe Fonseca de Oliveira, 23 anos. Ele foi registrado pelo pai, mas hoje prefere passar o dia sozinho, sem celebrações. "Tinha contato com ele umas três ou quatro vezes por ano, mas hoje costumo ignorar o dia e seguir como um domingo normal, sem comemorações, apenas com meus planos para aquele dia", relata Felippe.A psicóloga Manuela Moura explica que, para algumas pessoas, nem faz sentido comemorar essa data. "Às vezes a pessoa não tem mesmo que celebrar. Que não celebre e faça do seu dia um outro dia, que vá ocupar o seu domingo de uma outra forma, vá fazer alguma coisa que te proporcione prazer, diversão, vá estar com amigos. Que essa pessoa possa dar a ela, a si mesma, um dia agradável sem a lógica comercial", finaliza a especialista.
Pais e filhos compartilham interesses e profissões
2024-08-10

Legados Familiares: Quando Pais e Filhos Compartilham Paixões e Profissões

O Dia dos Pais é muito mais do que apenas uma data comemorativa. Para muitas famílias, essa celebração simboliza a transmissão de valores, interesses e até mesmo vocações profissionais entre gerações. Em Sorocaba, algumas histórias inspiradoras mostram como o amor, a admiração e o respeito mútuo podem se refletir em caminhos profissionais compartilhados.

Quando o Esporte Une Gerações

Paixão pelo Futsal Perpassa Gerações

A relação de Leandro Lino e seu pai Jair Lino com o esporte vai muito além de uma simples paixão familiar. Jair, de 52 anos, é roupeiro do Magnus Futsal, uma das equipes mais conhecidas no futsal brasileiro, enquanto Leandro, de 29 anos, é um dos jogadores promissores da mesma equipe. Desde criança, Leandro acompanhava o pai nos jogos, criando uma conexão não apenas com Jair, mas também com o próprio esporte.Jair lembra que, ao chegar do trabalho, percebeu o talento do filho no futebol e decidiu procurar uma escolinha para que Leandro pudesse desenvolver suas habilidades. Mesmo com a idade mínima não sendo atendida, o professor ficou impressionado com o potencial do garoto e abriu uma exceção. Jair fazia de tudo para levar o filho aos treinos, chegando a pedir carro emprestado para sair do trabalho e deixá-lo na escolinha. "Era difícil, pois éramos humildes, mas faria tudo novamente. Sempre sonhei em ser jogador de futebol e queria dar essa chance para meu filho", relembra Jair.Essa conexão entre pai e filho se fortaleceu ainda mais quando ambos chegaram ao Magnus Futsal, em 2017. Leandro conta que, ao assinar seu contrato, pediu uma oportunidade para o pai, que acabou se tornando roupeiro da equipe. "Quando eu assinei meu contrato, perguntei se tinha algum cargo para o meu pai, porque no antigo emprego dele estava ficando perigoso, daí, surgiu essa oportunidade de ele vir trabalhar na rouparia com a categoria Sub 20 do Magnus!", exclama Leandro.

Legado Fotográfico: Quando a Lente Conecta Gerações

Outro exemplo emocionante de legado profissional vem do mundo da fotografia. O renomado fotógrafo sorocabano, Zaqueu Bueno Proença, de 64 anos, é conhecido por seus registros icônicos que capturam a essência do momento. Sua filha, Lorena Bueno, hoje com 29 anos, decidiu seguir os passos do pai e hoje é uma fotógrafa talentosa, com um estilo que, embora único, carrega a influência inegável do olhar paterno.Lorena relembra que, desde que nasceu, seu pai sempre estava com a câmera na mão, e essa imagem a remetia a algo divertido. Aos 5 anos, ela tirou sua primeira foto, e foi aí que surgiu o amor pela fotografia. "Tem uma foto que eu fiz dos meus pais, que eles estavam em casa, no quintal, e meu pai tinha feito uma cadeira de balanço para mim. Daí, ele fez a cadeira, minha mãe sentou, e aí eu peguei a câmera dele e falei, vou fazer uma foto", conta a fotógrafa.Hoje, Lorena trabalha com a fotografia e tem o objetivo de fazer fotos de crianças, famílias e aniversários infantis. "Gosto muito desse público de família mesmo. Mas já fotografei várias coisas e é o que eu amo fazer, é onde eu me sinto muito feliz em fazer". Zaqueu, por sua vez, vê na filha uma continuidade de seu trabalho, mas com uma nova perspectiva. "Ela acompanhava em alguns lugares comigo, porque eu gostava e a gente ficava curtindo juntos. E com relação a muita coisa que eu ensinava, o que ela perguntava eu explicava, hoje ela tem um bom conhecimento, mas, assim, mais amplo, porque as coisas mudaram", comenta o pai, emocionado.

Legados Familiares: Inspiração e Continuidade

Essas histórias de pais e filhos que compartilham não apenas laços familiares, mas também profissionais, mostram como a conexão entre as gerações pode ser profunda e enriquecedora. Neste Dia dos Pais, mais do que nunca, fica claro que os caminhos profissionais seguidos podem ser um reflexo do amor, admiração e respeito que se constroem no seio familiar.Sorocaba é palco de muitos outros exemplos como esses, onde o legado de pais dedicados é continuado pelos filhos, seja nas quadras de futsal ou através das lentes de uma câmera. Histórias que nos lembram da força dos laços familiares e do impacto que o exemplo de um pai pode ter na vida de um filho.
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Órfãos da pandemia: filhos que perderam pais para a Covid-19 contam como ressignificaram a vida
2024-08-09

Luto e Resiliência: Histórias de Superação em Tempos de Pandemia

A pandemia de COVID-19 deixou marcas profundas na vida de muitas famílias brasileiras, com perdas irreparáveis e despedidas dolorosas. Este artigo explora as histórias de três moradores de Montes Claros que enfrentaram a dor da perda e encontraram formas de ressignificar suas vidas, mostrando a força do espírito humano em tempos de adversidade.

Superando a Dor, Encontrando Propósito

Josimeire Freitas: Transformando a Dor em Ação

Josimeire Freitas, uma agente comunitária de saúde, perdeu seu pai de 84 anos para a COVID-19. Ela relata que a despedida foi incompleta, sem a possibilidade de vê-lo e tocá-lo pela última vez. Josimeire, no entanto, encontrou forças para seguir em frente, inspirada pela memória de seu pai e pelo seu próprio desejo de fazer a diferença na vida de outros. Ela coordena um projeto social que acolhe mais de 100 jovens em situação de vulnerabilidade, acreditando que é "ajudando o outro" que ela tem se curado. Josimeire entende que, embora a dor da perda seja profunda, é importante manter viva a memória de seu pai e criar boas lembranças para aqueles que não tiveram a mesma oportunidade.

Ieda Rosana e Andrea Rosane Freitas: Unidas pela Saudade

Ieda Rosana Freitas e Andrea Rosane Freitas perderam sua mãe, Andrelina de Jesus Freitas, de 69 anos, vítima da COVID-19. As irmãs descrevem Andrelina como o alicerce da família, aquela que sempre sorria primeiro e incentivava os sonhos dos filhos. A partida repentina de Andrelina deixou um vazio incomensurável, mas as irmãs encontraram forças na união familiar e na lembrança dos momentos felizes que viveram juntas, como a viagem a Gramado que realizaram com a mãe. Elas reconhecem que o luto é um processo doloroso, mas se apoiam mutuamente para seguir em frente, cientes de que nada poderá preencher completamente o lugar de sua amada mãe.

Alexandre Júnior Ferreira Rocha: Encontrando Conforto na Fé

Alexandre Júnior Ferreira Rocha, radialista, perdeu seu pai de 88 anos, sua mãe de 84 anos e seu irmão de 64 anos, todos vítimas da COVID-19, em um intervalo de apenas um mês. Ele descreve a experiência como "uma rapidez assustadora", sem tempo para processar o luto. No entanto, com o passar do tempo, Alexandre encontrou conforto em sua fé católica, entendendo que a vida é uma passagem e que seus entes queridos estão em um lugar melhor. Ele escolheu se apegar à fé, aceitando a vontade de Deus e agradecendo por ter tido a oportunidade de estar com seus pais e irmão durante o tempo que lhes foi concedido.

O Luto Diferenciado da Pandemia

A psicóloga Pamela Sola, em sua pesquisa sobre lutos e terminalidades, destaca que a pandemia alterou a forma como lidamos com a perda. As restrições impostas, como a impossibilidade de visitar familiares hospitalizados, as mudanças nos rituais fúnebres e o isolamento físico, dificultaram o processo de aceitação da morte e a assimilação da realidade. Ela explica que o luto pode se prolongar, com reações emocionais, comportamentais e físicas mais intensas e duradouras, exigindo maior atenção e apoio.

A Importância da Empatia e Compaixão

O psiquiatra Bruno Brandão ressalta que, muitas vezes, julgamos as reações dos outros diante da perda com base em nossas próprias experiências, sem considerar as particularidades de cada indivíduo. Ele enfatiza a importância de desenvolver inteligência emocional, empatia e compaixão, para que possamos compreender e apoiar aqueles que enfrentam o luto, oferecendo-lhes a oportunidade de encontrar saídas e receber a ajuda necessária.As histórias apresentadas neste artigo demonstram que, mesmo diante da dor e da adversidade, é possível encontrar forças para ressignificar a vida e seguir em frente. Josimeire, Ieda Rosana, Andrea Rosane e Alexandre, cada um à sua maneira, encontraram caminhos para honrar a memória de seus entes queridos e continuar suas jornadas, inspirando-nos a enfrentar os desafios com resiliência e compaixão.
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